Flávia Tebaldi

Rafaela Prestes

Remeika

2020.

A memória é uma ilha de edição


Quem disse foi Waly Salomão, mas concordo com ele. De tudo o que vemos, de tudo o que sentimos, de tudo o que vivemos, o que fica, afinal? Como guardar aquele pássaro que cortou aquela nuvem que cruzou o céu da casa no exato momento em que estendia roupa no varal? O cheiro da roupa lavada, a névoa dissipada no ar quente, e no céu, o pássaro.

Em O Decameron, de Giovanni Boccaccio, para fugirem da peste negra que assolava Florença, dez jovens se isolam em uma casa durante dez dias e, nesse período, cabe a cada um contar dez histórias. E se hoje, em plena pandemia de COVID-19, revivêssemos o clássico italiano, o que teríamos para contar? 

A memória é uma ilha de edição é um projeto de trocas afetivas, de memórias e de narrativas. Entre os dias 20 de junho e 22 de julho, Karla, Aline, Rafaela e Cristiano fotografaram seus cotidianos em isolamento social, a partir de vivências individuais e conversas compartilhadas em encontros semanais por uma plataforma de reuniões online, criando, não só o inventário visual, mas afetivo. 

Ao propor este trabalho, a ideia era refletir sobre as formas como produzimos memória a partir do vivido por cada pessoa, e como o diálogo e a troca de vivências entre desconhecidos, de diversos pontos do país, poderiam produzir um inventário de memórias comuns, ou uma memória coletiva. Que imagens e reflexões surgiriam daquele encontro. 

O resultado – em processo – é uma galeria de imagens-textos propositalmente anônimos, olhares e falas que traduzem a forma como cinco pessoas perceberam o mundo ao redor durante um mês em plena pandemia de COVID-19.

Ver Galeria completa em: https://flaviatebaldi.wixsite.com/memoriailha