Leonardo Barcelos

Autorretratos isolados em quarentena

tela interativa e 40 autorretratos fotográficos

Dimensões variáveis

2020

 

Enquanto cidadão senti necessidade de contribuir de alguma forma nessa luta, me voluntariando por um período de três meses no Hospital Universitário Pedro Ernesto no setor administrativo. Enquanto artista senti necessidade de explorar a solidão, a angustia, o medo da pandemia, as coisas que vi no hospital, as pessoas que perdi para a doença, as pessoas que perdi para o negacionismo…

Da experiência no HUPE e meu desespero em relação a ideia de confinamento em um país tão desigual, onde temos tantas famílias dividindo espaços minúsculos com pouco ou nenhum saneamento, nasceu a pintura que aqui apresento. Toda essa experiência foi fundamental para nortear meu trabalho nesse período, onde no campo do real orgulhosamente me doei ao outro, e no campo da arte me debrucei sobre a única pessoa possível, e também a mais difícil, eu mesmo. Os quarenta autorretratos surgiram de todas essas sensações combinadas, ligadas a pequenos fios de esperança que insistem em resistir no fundo do meu ser. Meu desejo é que cada fotografia tenha encapsulado o momento em que a imagem foi capturada a fim de tecer uma teia de memórias e sensações, medos e esperanças, limite da desistência, da insistência e da persistência. Minha pintura e minhas fotografias são partes de mim, falam coisas para mim, falam coisas sobre mim. Só posso esperar que, sobretudo, elas possam então falar por mim.