Anderson Ladislau

Movimentos significativamente reduzidos: o confinamento nos levou à inquirição acerca dos muitos vazios que, evidentemente, não se limitam a espaços que foram outrora criados para nos oferecer abrigo. Diversas possibilidades e formas de ocupação acabaram por redefinir-se quando deixamos para trás paradigmas de relações anteriores já dadas e passamos a explorar os limites e a denominá-los, agora. Em busca do vazio, de diversos vazios correspondentes, o artista vislumbra um entendimento da existência em que a ausência será entendida como possibilidade. E, neste modo de apresentação digital –parte consciente do processo criativo –, as fotografias funcionam como um sistema, se auto ressignificando. Possuem ordenação linear, uma após a outra; contudo não fecham uma narrativa, mas abrem possibilidades, como num sistema fechado que é o das nossas existências agora. Sua apresentação, portanto, condiz com um de seus apontamentos: a descoberta do espaço. Interior, exterior, lacunar. A ausência da presença humana sugere outras ficções fantásticas, só que neste caso, a partir de uma realidade, dura, a do atual presente, que beira o inacreditável.